Os Vassão

Quanto aos motivos que levaram Joaquim Adorno Sobral a "adotar" o sobrenome Vassão, e também Leopoldo a abandonar a família, o segundo é consequência do primeiro. Certo é que Steve Vassão, o negro americano que herdou as terras e a serraria do ex-patrão e adotou seu sobrenome (Wasson, aportuguesado para Vassão), era muito bom administrador mas carecia de experiência em assuntos jurídicos. Queria legalizar suas terras e encontrou problemas. Embora na América a escravidão tivesse sido abolida, aqui no Brasil ainda vigorava, e havia uma certa resistência em se dar a um ex-escravo tanto poder e status. Joaquim então combinou com ele resolver o assunto, em troca de metade das terras, que somavam cerca de treis mil alqueires, ricos em madeira de lei. Quando estava começando o processo de legalização das terras, nasceu seu primeiro filho, João. Para facilitar as coisas, registrou-o como João Adorno Vassão. Por influência dos costumes italianos da época, Adorno era o nome mais importante da família. O Sobral, nome que seus ancestrais adquiriram na sua passagem por Portugal, foi descartado. Assim, mantinha a perpetuação do nome da família, adotando o Vassão como nome de "fantasia", coisa muito comum em sua época. . As terras foram então legalizadas em nome do filho João Adorno Vassão. Joaquim então, tendo o usofruto das terras enquanto o filho fosse menor de idade, passou a Steve 1.500 alqueires. Steve, trabalhador que era, enriqueceu e se casou vária vezes. Joaquim fez bom uso do que lhe coube. Tratou de melhorar o patrimônio, vendendo partes das terras e comprando outros sítios melhor localizados, inclusive o Rabelo e Pocinhos. Já os inúmeros descendentes do negro Steve, espalhados pelos estados de São Paulo e Minas Gerais, dilapidaram toda a herança, repartindo as terras e vendendo pequenas glebas e lotes. Os outros filhos de Joaquim também receberam o sobrenome Vassão, mas apenas João seria o herdeiro do patrimonio da família. Leopoldo, o terceiro filho, teria então se sentido preterido por não participar dos negócios da família e desentendeu-se com o pai. Desgostoso e ainda muito jovem, partiu para o Paraná, indo parar na cidade de Castro. Lá, se casou com Márcia Ribas e deixou uma grande descendência. Seu filho mais velho, Clarimundo Ribas Vassão, é citado em um livro que conta a história da cidade de Castro, como um dos fundadores do Grêmio Dramático local. Explica-se assim porque, sendo Leopoldo o mais moço dos irmãos, seus descendentes já chegaram à quinta geração, sendo comparativamente mais velhos que os descendentes de João e Henrique. Estes dois se casaram com mais idade, enquanto que Leopoldo, talvez sentindo falta de uma família, se casou ainda muito jovem. Quanto à Mariquinha,Perpétua, Januária e Adelaide, sendo mulheres, não participavam dos negócios da família. Seguiram o destino reservado às mulheres de sua época; casar e ter muitos filhos. De Eduardo, pouco conseguimos saber. Apenas um filho seu, Benedicto tem seus descendentes em nossa Árvore Genealógica.