Os Adornos de Juquiá

Com dados extraidos de anotações do falecido Contabilista Luiz de Almeida Batista, de Juquiá, e também dos livros de registros da Basílica do Senhor Bom Jesus, de Iguape

De Giuseppe Adorno Sobral, descendem os Adornos que vieram para o Vale do Ribeira. De São Vicente, vieram a ter no Peroupava, em Iguape, onde nasceram Joaquim Adorno Sobral, João Adorno Sobral e o caçula, Antonio Adorno Sobral.Eram filhos do casal João Alves Adorno Sobral e Clara Maria do Nascimento.Do Peroupava, Joaquim Adorno Sobral foi para Iguape, onde, no dia 11 de fevereiro de 1865, contraiu matrimônio com Henriqueta da Silveira Queirós, filha de Matheus de Souza da Silveira e Maria Lima da Silveira, procedentes da cidade de Lorena. Dona Henriqueta passou então chamar-se Henriqueta Adorno da Silveira, como era o costume dos italianos antigos, que davam ao nome do meio, maior importância.O casamento foi celebrado pelo padre Antonio Carneiro da Silva Braga, conforme registro nos livros da Basílica do Senhor Bom Jesus, em Iguape.A rua Cônego Braga, no centro histórico de Iguape, é uma homenagem a esse sacerdote. Vale lembrar que o "Velho Adorno",lendário canoeiro do Peroupava, citado pelo seu bisneto Olympio Vassão, em seu livro "Corrida Atrás do Tempo", era na realidade João Alves Adorno Sobral, pai de Joaquim.Segundo tio Olympio, a competência de João Adorno com os remos era tanta, que muita gente só viajava numa dessas embarcações se fosse ele a dirigi-la.Joaquim Adorno Sobral e dona Henriqueta tiveram os filhos João, Henrique, Leopóldo, Maria Antonia (Mariquinha), Januaria, Adelaide e Perpétua .Do Peroupava, acompanhado pelo irmão caçula Antonio, Joaquim Adorno Sobral subiu o Rio Ribeira e se fixou no local chamado Braçaem. Pouco tempo depois se transferiu para Guaviruva, permanecendo ali por alguns anos. De Guaviruva, mudou-se para o Sítio Goyantãhoga, abaixo de Sete Barras. Percorrendo o Rio Juquiá, Joaquim Adorno Sobral conheceu um tal de Felipe, que residia no sítio denominado Rabelo, situado a 20 quilômetros da Barra do Juquiá. Pouco tempo depois, Joaquim comprou esse sítio, de extensa área, e ali viveu por muitos anos, adquirindo posteriormente outro sítio de igual proporções, conhecido pelo nome de Sítio Pocinho, que se situava a 13 quilômetros do Sítio Rabelo, rio abaixo. João Adorno Vassão, o filho mais velho de Joaquim, visitou um dia a pequena Vila de Santo Antonio do Juquiá para rever amigos, entre eles Felipe Fernandes, Diogo Martins da Costa e seu irmão José Manoel Martins, que foi o primeiro Escrivão de Paz da Freguesia de Juquiá. Naquela época já existia em Juquiá uma família de espanhóis de nome Sanches. ( Na guerra do Paraguai, era Diogo Martins da Costa quem recebia ordens para para reunir, às vezes "`a laço", os voluntários para serem enviados à frente de batalha). Nesse dia, João Adorno Vassão, que vinha de Sete Barras, conheceu Rosalina Martins, filha de Diogo Martins da Costa. Pouco tempo depois estavam casados (1896). João, depois de casado, abandonou pais e irmãos no Sítio Rabelo, e montou um estabelecimento comercial na Freguesia de Juquiá. Porém, continuou trabalhando como lavrador. Fazia boa união com os cunhados Diogo Martins Duarte (Diogo Barulho) e Arlindo Martins. Por seu lado, Henrique Adorno Vassão, em visita à Freguesia de Prainha (hoje Miracatú), conheceu Pedrina Leite, com quem se casou, indo morar com o pai no Sítio Rabelo. Por muito tempo João Adorno Vassão viveu no pequeno lugarejo da Freguesia de Juquiá, mas, em 1901, transferiu sua residência para o Sítio Mimoso, pouco acima da Barra do Juquiá. Ali ficou vivendo do comércio até 1904, quando voltou para o Sítio Rabelo, onde viviam os pais e o irmão Henrique. Em 1912, o patriarca Joaquim Adorno Sobral vendeu o Sítio Pocinho para a companhia inglesa que queria construir uma estrada de ferro cortando a região. Após a venda deste sítio, Joaquim transferiu sua residência para Iguape, ficando os irmãos João e Henrique organizando a firma "Vassão & Irmão", que fornecia mantimentos para os moradores dos rios Quilombo, Ipiranga, Ribeirão Fundo e margens do Rio Juquiá, acima e abaixo. No ano de 1914, inaugurada a estrada de ferro, João Adorno Vassão separou a sociedade com o irmão Henrique e transferiu sua residência novamente para a Freguesia de Juquiá, então em franco desenvolvimento, ocasionado pela parada final da linha férrea.