Matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo de 04/01/1954, de autoria do jornalista Francisco Isoldi
Entre os séculos XIV e XVI, Os Adornos formavam uma das grandes famílias que combatiam para possuir o governo da República Italiana, fornecendo muitos doges (chefes eleitos) àquela república. Entre os doges da família Adorno, encontramos Gabriel Adorno, Antonioto Adorno, muito ambicioso, que foi doge por quatro vezes. Libertou o papa Urbano VI, assediado por Carlos III, de Nápoles. Contra os Mouros de Tunis, liderou uma Cruzada. Afim de proteger a pátria contra a ambição do Duque de Milão, colocou Gênova sob a proteção do Rei da França. Foram ainda doges de Gênova, Jorge (1413-1415), Rafael (1442-1447), Barnabé, próspero governador e doge (1461-1478), assim como Antonio II, por duas vezes. A família dos Adornos genoveses lutou especialmente com os Fregosi, numa violente guerra civil. Foram abatidos definitivamente por André Dória. Os Adornos então espalharam-se pela Europa e muitos passaram a Portugal. Em São Vicente, com Martim Afonso de Souza, um dos elementos distintíssimos da sociedade portuguesa, começa a verdadeira colonização do Brasil. Junto a Martim Afonso, vieram também notáveis genoveses, entre os quais 5 irmãos Adornos, que se ligam à primeira fundação colonial do Brasil. Paulo Dias Adorno Sobral passou pela Bahia, formando o ramo da mais importante das famílias dali, com Diogo Álvares Correia, o Caramuru. Foi um dos germes das principais famílias da Capitania e tomou parte na expedição punitiva que Mem de Sá organizou contra os ferozes índios do Espírito Santo, que, como se sabe, viviam atacando os europeus. Os Adornos tiveram grandes méritos, como se verifica pelos seus benefícios aos Carmelitas. Foram prolíferos e quase sempre morriam muito velhos. José, dos Adornos, morreu com mais de cem anos, depois de ter impulsionado a agricultura e a refinação de açúcar. Os Adornos estavam entre os primeiros a iniciar esta esta preciosa atividade, que nos filhos da península itálica continuam até nossos dias, para grandeza de São Paulo".
Mais Pesquisas
Artigo publicado na revista Seleções, em novembro de 1979, de autoria de Ellen Gelg:
Desde que Américo Vespúcio explorou a costa brasileira, a gente italiana vem desempenhando um papel importante e contínuo na História do Brasil.Os irmãos Adorno são um bom exemplo disso. Vindo para o Brasil na frota de Martim Afonso de Souza (haviam se fixado na Ilha da Madeira depois de deixarem a Itália por motivos políticos), Antonio, Francisco, José, Paulo e Rafael receberam uma sesmaria nas imediações de São Vicente, em São Paulo, e alí dedicaram-se à cultura canavieira. Foi José, patriarca da família, quem instalou o segundo engenho de açúcar no povoado de Santos. Em meados do século XVI sua fortuna já era a maior da colonia. Foi ele quem comandou a pequena frota que transportou os padres José de Anchieta e Manoel da Nóbrega a Iperoig (Ubatuba) em 1563, para consolidar a paz entre os tamoios e os portugueses, além de ter ido com seus irmãos Francisco e Paulo, lutar ao lado de Estácio de Sá contra os franceses, na fundação da cidade do Rio de Janeiro. Antonio Adorno, nomeado por Tomé de Souza, para comandar a fortaleza de Bertioga, tornou-se um dos homens mais ricos de São Vicente e Santos. Paulo Dias Adorno teve que fugir para a Bahia por ter cometido um homicídio em Santos. Casou-se, em 1534, na Igreja da Graça, em Salvador, com a filha de Caramuru, Filipa Alvares - o primeiro casal a matrimoniar-se na Bahia. Tiveram como filho o famoso bandeirante Antonio Dias Adorno, que em 1574 percorreu o sertão em busca de minas de esmeraldas, e plantou os primeiros núcleos populacionais no interior de sua capitania. Paulo Dias Adorno, que guerreou contra os indígenas na Bahia, no Espírito Santo e no Rio de janeiro e acompanhou Estácio de Sá ao Rio de Janeiro (1565 - 1567), deve ter sido o primeiro italiano a plantar cana de açúcar na Bahia.
Álbuns de fotos da Família Vassão
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